Pesquisas revelam que empreendedores afrodescendentes, no Brasil, representam a maioria no setor de empreendimento. Dados do Sebrae mostram que 50% dos micro e pequenos empresários se auto declaram negros ou pardos, enquanto que 49% se auto declaram brancos e 1% restante pertence a outros grupos populacionais.
Ademais, economistas afirmam que a situação do aumento do negro empreendedor resulta da precarização dos outros tipos de trabalho para esta classe da população. Por isso, existe um aumento de camelôs no país. Ou seja, o negro prefere empreender a subservir, o que é extremamente positivo para o PIB e para uma mudança de mentalidade.
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Quais são as dificuldades do negro empreendedor?
Dentre as dificuldades existentes para um negro empreender, temos a falta de financiamento. Isto dificulta para que o negro empreendedor possa competir com outros empreendedores.
Dessa forma, os negros empreendedores que atuam em setores de menor lucratividade, como agrícola, ambulantes e cabeleireiros. Por isso, os negros captam renda menor do que a dos empresários não negros.
Ou seja, o rendimento do empresário branco que domina o setor de máquinas e serviços de saúde, é 112% a mais do que o do negro empreendedor.
Negros empreendedores contra o racismo estrutural
Segundo depoimento da ex-ministra da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Matilde Ribeiro, os indicadores do mercado de trabalho revelam que o empreendedorismo para a população negra surge e se mantém a partir das necessidades cotidianas, tendo em vista o racismo institucional muito presente no mundo do trabalho.
Dessa forma, se torna comum o quadro onde os negros são a população que tem a maior dificuldade de empregabilidade.
Sendo assim, é nítido que esta população busque formas alternativas para poder buscar a sua sobrevivência dentro da estrutura social capitalista. Por isso, o aumento de negros empreendedores.
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Quais são os impedimentos do negro empreendedor?
Como já citado anteriormente, existe uma diferença concreta na infraestrutura para o negro empreendedor e o empreendedor branco.
Isto é, o negro empreendedor encontra dificuldades em expandir o seu trabalho pela falta de poder de investimento, por não ter facilidades em realizar financiamentos, e por se encontrar em posições autônomas de sobrevivência.
O que significa ter menos negros empregadores?
Em contraste com o empreendedor branco que em sua maioria conta com o aparato de ter um sócio e também condições financeiras para investir em materiais e contratar funcionários.
Ainda mais, tendo em vista que a posição do empreendedor negro no mercado não é a de empregador.
Ou seja, 91% são empreendedores por conta própria e apenas 9% são empregadores. Contudo, entre os empreendedores brancos, os números são de 78% e 22%, respectivamente, revelando assim a dificuldade do negro de se manter no mercado capitalista como uma potência empreendedora.
Qual o número de negros empreendendo?
De acordo com o relatório do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), publicado em 2015, houve um crescimento de 10% no contingente dos donos de negócio do país, passando de 21,4 para 23,5 milhões de negros empreendedores.
Além disso, uma divisão do ponto de vista étnico-racial mostra que o número de pretos e pardos cresceu 24%, passando de 9,5 para 11,8 milhões. A categoria “outros” apresentou crescimento de 26%, passando de 200 mil para 253 mil, enquanto o número de brancos caiu 2%, de 11,7 para 11,5 milhões.
Assim sendo, dados dissertam que, 41% dos negros e pardos empreendedores estão no Nordeste, região em que o afro empreendedorismo predomina.
Negro empreendedor, onde eles estão?
Existem empreendimentos bem-sucedidos de afro-empreendedorismo, como por exemplo a Feira Preta. Criada em 2002, o evento teve a sua primeira edição na Praça Benedito Calixto, Pinheiros, zona oeste de São Paulo, e contou com 40 expositores.
No ano de 2014, cerca de 16 mil pessoas estiveram na feira e em 2015, no dia 7 de dezembro, no Pavilhão de Exposições do Anhembi, o grande público que compareceu ao evento contou com shows de Tássia Reis e Rael da Rima.
A saber, Adriana Barbosa, idealizadora da Feira Preta, conta que apesar das mudanças durante a trajetória de construção da Feira, o ideal do evento se manteve.
“Embora isso vá se transformando com o tempo, posso dizer que o fio condutor da Feira sempre foi a valorização da cultura negra, o fortalecimento da identidade negra e, principalmente, a promoção do afro-empreendedorismo”.
O amadurecimento de um mercado pensado para negras e negros
Sendo assim o evento é o amadurecimento de um mercado pensado para negras e negros e realizado por esses mesmos fatores sociais.
Ademais, Adriana destaca que a consolidação dessa ação pode promover algo excelente à população negra no Brasil: a autonomia financeira.
“O empreendedorismo tem uma conexão direta com autonomia financeira e, consequentemente, inserção social. Esta inserção confere às pessoas, de maneira geral, uma noção de pertencimento. Então, esta noção é muito cara ao povo negro, em razão do racismo estrutural que temos no Brasil, que ‘reserva espaços específicos’ à população negra”.
Em síntese, o negro empreendedor continua atuando em setores de menor lucratividade, como agrícola, ambulantes, camelôs, cabeleireiros, áreas de subsistência cotidiana.