Graças às lutas de muitas pessoas para garantir a equidade, os negros têm alcançado cada vez mais cursos superiores, especializações e experiências invejáveis para agregar ao currículo.
No entanto, a maioria dos negros não alcançam cargos de liderança, não somente pela falta de oportunidades, mas também por não se enxergarem como tais.
Isto possui explicações históricas, já que ao longo de todo o período de construção do país, desde a sua descoberta, o negro teve apenas posições servis. Observa-se, além do mais, que há apenas 131 anos foi decretada a Lei Áurea, o que deu direito de liberdade aos negros.
Portanto, é extremamente recente esta mudança em nossas leis, o que coloca a genealogia de muitas pessoas como fator chave para esse aspecto da negritude em cargos de liderança.
É provável que os avós dos seus avós eram escravos e além disso não tenham conseguido avançar em relação aos estudos. Colaborando, desta forma, para a manutenção do racismo estrutural, que coloca a imagem do negro sempre em categorias servis.
Sendo necessário, dessa forma, uma reciclagem de paradigmas para que se vença esse conceito dentro de si, para então, poder brigar, ainda que não seja em pé de igualdade, pelos cargos que estão acima na hierarquia.
A importância de referenciais negros
Isto se faz necessário, não apenas por uma questão de igualdade econômica e de oportunidades, mas para que cada vez mais pessoas possam acreditar de que é possível alcançar sonhos mediante seus esforços.
Quando um negro alcança a posição de líder, outros negros vão ver nele o referencial necessário para sair de uma postura de inferioridade, que, como dito antes, colabora para a manutenção do racismo estrutural.
Alcançar uma posição de destaque, sendo negro, é alimentar a esperança de um povo que por muitas vezes se sente encurralado, seja pelo racismo, ou pela falta de preparo para as oportunidades.
Faz-se um apelo, assim, para que as pessoas que possuam o potencial de se tornarem líderes, assumam esse chamado para servirem como guia de uma multidão de jovens que, em grande número, crescem sem perspectivas.
Independente da profissão que você tiver vocação, pode ser como político, músico, supervisor de uma grande empresa, valorize sua imagem naquela posição e acredite que pode alcançá-la.
É possível mudar esse quadro, mas não basta políticas públicas ou militar em favor às causas da negritude, é preciso ter consciência desse problema estrutural que vivemos e por isso ser resistente e excelente em sua busca.
Como combater o Racismo Institucional?
Existem diversas maneiras de combater o Racismo Institucional e todas elas exigem prática, conhecimento e preparo para lidar com as situações com muito jogo de cintura.
União
É necessário cada vez mais união da população negra do Brasil para vencer o Racismo Institucional, sendo necessário boicotar, dar voz, não se calar frente às injustiças, denunciando às autoridades competentes e ficar em cima para exigir a execução das leis, que hoje é rigorosa ao se tratar de crimes de ódio, racismo e intolerância. Porém, precisamos cobrar as autoridades para que as leis sejam executadas.
Conteúdo
Para se proteger de ataques que, por vezes, nos desarmam de ter qualquer reação, é preciso ter propriedade de assuntos relacionados às questões do negro. Conhecer as lutas que já foram travadas nesse campo, os intelectuais e seus discursos.
Além disso, certas “respostas prontas” nos ajudam a criar resistência contra ações que podem nos tocar mais profundamente e que acabam nos calando. Para isso, é preciso auto conhecimento e mais uma vez: estudo.
Faz-se necessário não apenas para se defender, mas para saber identificar atitudes desrespeitosas que passam despercebidas no dia a dia, devido ao costume já impregnado em nossa cidade. Podem ser piadas, comentários, ou mesmo elogios que, quando pensados a respeito, são extremamente racistas.
Existem, também, pessoas que nos desequilibram e é importante identificar isso para estar preparado para combater o racismo institucional.
Boicote
Um caso recente foi o da diretora da Vogue Brasil, Nonata Meireles, que comemorou seu aniversário em uma festa luxuosa na capital baiana. Porém, o tema escolhido deixou muita gente ofendida, pois remetia ao Brasil colonial e na festa, negras eram usadas como decoração.
Rapidamente, a repercussão foi negativa nas redes sociais e críticas choveram sobre Nonata, que ainda tentou se justificar, que não se tratava de escravas, mas de baianas de festa. Com uma desculpa um pouco torta, a diretora tentou se justificar, porém não foi o suficiente para impedir a mancha na reputação da Vogue.
A união dos negros, tendo a figura ilustre de Elza Soares, se posicionando também contra Nonata Meireles, mostra a força que a negritude tem quando se une em favor do combate às mazelas que o Racismo Institucional causa.
Sendo assim, não tardem em se unir para alcançar objetivos, denunciar causas e se fortalecerem como povo brasileiro. Lembrem-se que os negros são 52% da população do Brasil, portanto, não são minoria, mas, sim, inferiorizados. No entanto, os dias para que esta realidade mude, estão contados.